É inegável que as mudanças climáticas estão cada dia mais drásticas e impactantes. Setembro foi o mês mais quente já registrado na história, de acordo com o Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S) da União Europeia, que faz os registros desde 1940.
Os cientistas alertam que não deveríamos estar quebrando registros de calor tão rapidamente. Eles atribuem essa realidade tanto às mudanças climáticas quanto às características do El Niño, que aquece as águas do Pacífico. Essa combinação elevou a temperatura em boa parte do planeta durante o mês de setembro, principalmente na Europa durante o verão. No Brasil, o aumento ocorreu durante o fim do inverno e começo da primavera.
O grupo Copernicus também aponta que, de janeiro a setembro, o planeta ficou pelo menos 1,5°C acima da média pré-industrial, com isso, 2023 se encaminha para ser o ano mais quente da história, superando os recordes de 2016 e 2020.
Essa temperatura elevada também tem consequências na Antártica, onde a cobertura do gelo está no nível mais baixo já registrado. Essa análise foi baseada em bilhões de medições por satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas.
Aquecimento global, emergência climática ou ebulição global?
Em entrevista ao portal da Fiocruz, Paulo Artaxo, professor titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), afirma que os motivos das temperaturas estarem cada dia mais altas é o aquecimento global, não o El Niño. “O clima do planeta está aquecendo e isso favorece e intensifica eventos climáticos extremos, como essas ondas de calor que estamos vendo em São Paulo, as grandes inundações que estamos vivendo no Rio Grande do Sul, e assim por diante”.
Além disso, o professor enfatiza que mudanças no comportamento das populações ajudariam, como elaborar novas maneiras de construir cidades mais sustentáveis e também repensar formas de consumo de energia, transporte, produção de alimentos, distribuição de água e outros meios indispensáveis para a sobrevivência humana.
Entenda o fenômeno El Niño
O evento ocorre quando as águas do Oceano Pacífico Equatorial se aquecem mais do que o normal. Esse aquecimento tem impacto no clima global, levando a mudanças significativas nas condições meteorológicas em diferentes partes do mundo.
Durante a sua passagem, as áreas do Pacífico Leste e Centro-Oeste experimentam um aumento na precipitação, as chuvas, enquanto as outras áreas, como a costa oeste da América do Sul sofrem com secas.
O El Niño também pode causar mudanças na circulação atmosféricas em todo o mundo, influenciando o clima em diferentes regiões, incluindo a Ásia e a América do Norte.