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Por que precisamos falar de infraestrutura cicloviária

Juliana Minorello - CXO na Tembici
Ciclismo, Juliana Minorello - CXO na Tembici
uliana Minorello - CXO na Tembici | Imagem de: LinkedIn

As discussões sobre segurança no trânsito são essenciais, especialmente quando verificamos o impacto que a insegurança no transporte causa em termos de vidas perdidas e impacto econômico. Segundo estudo publicado recentemente pelo Centro de Liderança Pública (CLP), calcula-se que nosso país perde aproximadamente R$21 bilhões por ano com mortes no trânsito. Contudo, quando olhamos as políticas públicas implementadas para endereçar esse desafio, percebemos um debate estruturado sobre a segurança de quem opta por utilizar outros tipos de modais que compartilham espaço público com o carro, como a bicicleta.

A mobilidade ativa proporciona uma série de benefícios e por isso, precisamos trazer essa conversa para as discussões do poder público, pois tal esfera tem um papel fundamental no fomento do ciclismo seguro. De acordo com alguns estudos e dados coletados na Tembici, 66% dos entrevistados alegam que a falta de infraestrutura cicloviária é o principal causador de insegurança. Com isso, as cidades latino americanas ainda têm muito a avançar em termos de infraestrutura para bicicletas, sabendo que a proporção de quilômetros de vias com ciclovias ou ciclofaixas não chega a 6% nas cidades atendidas por sistemas de compartilhamento de bicicletas. Sabemos que a sensação de segurança tem elementos subjetivos, mas há estudos que evidenciam que a sensação de segurança dos ciclistas é reduzida ou ampliada de acordo com a malha cicloviária disponível e velocidade das vias. 

A mobilidade urbana ideal é composta por opções, pelo oferecimento de alternativas nas quais a população consiga desenhar roteiros tendo em mente a pluralidade de modais. Sendo assim, sabemos que a combinação do transporte público com a bicicleta amplia o acesso a postos de trabalho, estudo, serviços e lazer, além de impactar menos o meio ambiente. 

As infraestruturas viárias, metroviárias e cicloviárias precisam dialogar, precisam ser complementares. Não é exclusivo do Brasil, mas podemos aprender e, de certa forma, nos espelhar em cidades que estão alguns passos à frente. Como na América Latina, há Bogotá, com grandes avanços na construção de ciclovias. Além disso, é válido ressaltar que, cidades como Paris, Nova York e Amsterdã têm muito mais ciclistas porque planejaram antecipadamente uma infraestrutura que proporciona condições seguras para pedalar, vale lembrar que em Paris o uso das bikes é superior ao uso de carros como principal meio de transporte na cidade. Isso também refletiu no aumento do número de usuários de bike sharing.

Toda essa discussão sobre a infraestrutura cicloviária é essencial para a construção de cidades mais seguras e sustentáveis. Se na década de 1950 o Brasil passou por uma profunda transformação no jeito de se deslocar, que culminou na motorização da população, agora é o momento de passarmos por uma nova reforma da mobilidade urbana, um conflito que envolve a segurança dos ciclistas e impactos ao meio ambiente. É preciso transformar a visão coletiva para fomentar políticas públicas de incentivo ao uso de modais ativos e estimular a segurança e bem-estar dos ciclistas. 

Por fim, é necessário rever o estímulo ao uso de meios de transporte motorizados e enxergar que o compromisso conjunto entre o poder público, empresas e sociedade civil é essencial para a construção de um mundo mais sustentável e com a mobilidade mais ativa.

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