Gratuidade no transporte público. Em uma pesquisa inovadora realizada pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), descobriu-se que a implementação da tarifa zero no transporte público resultou em um aumento expressivo no número de usuários, levantando questões importantes sobre mobilidade urbana e sustentabilidade. O estudo, que analisou dados de 12 cidades brasileiras, revela que a medida não apenas aumentou o número de passageiros de 33% a impressionantes 371%, mas também evidenciou desafios significativos para os sistemas de transporte dessas localidades.
Aumento da demanda por transporte público
O maior crescimento foi observado em Caucaia, Ceará, onde o número de passageiros quase quintuplicou em apenas dois anos, passando de 510 mil para 2,4 milhões de usuários mensais. Este fenômeno não é isolado. Outras cidades, como São Caetano do Sul em São Paulo e Luziânia em Goiás, também relataram aumentos significativos em curtos períodos.
Francisco Christovam, diretor executivo da NTU, destaca que a tarifa zero “promove uma maior mobilidade e acessibilidade, facilitando deslocamentos essenciais em diferentes horários”. No entanto, ele também aponta que tal iniciativa exige subsídios municipais significativos, que podem ser desafiadores para cidades maiores devido aos altos custos operacionais.
Desafios na oferta de transporte
Além do aumento da demanda, a pesquisa indica a necessidade urgente de expansão na oferta de transporte. Sete das cidades estudadas viram o crescimento da demanda superar o aumento da quantidade de ônibus e viagens ofertadas, levando a uma possível saturação e sobrecarga do sistema existente.
Em resposta a esses desafios, algumas cidades como Aquiraz no Ceará e Cacoal em Rondônia tiveram que aumentar drasticamente o número de ônibus em circulação. Por outro lado, Cianorte no Paraná ainda não tinha expandido sua frota até janeiro de 2023, destacando as variações na capacidade de resposta entre os municípios.
Implicações para o futuro do transporte urbano
Este estudo sublinha a importância de considerar o transporte público como uma ferramenta vital para a sustentabilidade urbana. A tarifa zero, embora benéfica em termos de acessibilidade, exige um planejamento cuidadoso e investimentos substanciais em infraestrutura para ser sustentável a longo prazo.
A pandemia de Covid-19 desempenhou um papel catalisador nessa tendência, com muitas cidades adotando a tarifa zero como uma resposta imediata às necessidades de mobilidade durante a crise. Agora, enfrentam o desafio de integrar essa política em uma estratégia de mobilidade urbana mais ampla e financeiramente sustentável.
A Revelator segue comprometida em cobrir essas transformações, sublinhando a interconexão entre mobilidade acessível e práticas urbanas sustentáveis. À medida que mais cidades consideram políticas semelhantes, a experiência brasileira oferece insights valiosos sobre os potenciais benefícios e obstáculos de tais iniciativas.
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